Estima-se que 73% de todas as espécies vegetais do planeta dependem da polinização feita por elas
As abelhas são os insetos polinizadores mais importantes para o equilíbrio do meio ambiente, dos seres humanos e para a produção de alimentos. Estima-se que 73% de todas as espécies vegetais do planeta dependem da polinização feita por elas e, no Brasil, mais da metade das 141 espécies de plantas também necessitam da ação das abelhas.Algodão, café, caju, cebola, chuchu, coco, girassol, goiaba, jabuticaba, laranja, limão, melão, pêssego, tomate, berinjela e cacau são alguns dos alimentos polinizados por elas.
Mas esses insetos voadores, que são essenciais para o mundo todo, desaparecem cada vez mais e por vários motivos. Com isso, a Organização das nações unidas (ONU) instituiu o dia 20 de maio como “Dia mundial das abelhas”, algo para conscientizar a população sobre a sua importância para os ecossistemas e no combate à fome no mundo, além de influenciar uma mudança nas atitudes da sociedade.
O Prof. Dr. João Carlos Nordi, coordenador do curso superior de Tecnologia em Apicultura e Meliponiculturada Universidade de Taubaté (UNITAU), na modalidade EAD, explica como esses insetos polinizadores atuam no meio ambiente e na produção de alimentos.“A melancia é um excelente exemplo que mostra o trabalho fundamental das abelhas. Foi desenvolvida uma melancia sem sementes e ela não teve muita adesão, porque ela não era doce, então se estabeleceu essa relação com a semente e a doçura do fruto. Cada semente da melancia é produto de uma polinização, então como ela tem centenas de sementes, são feitas centenas de polinizações. Então, se eu não tiver as abelhas em quantidade suficiente, eu vou ter um comprometimento na qualidade do fruto e na quantidade de vitaminas também”, exemplifica o botânico.
Um fenômeno chamado distúrbio do colapso das colmeias vem se intensificando com o tempo e ele é responsável pelo desaparecimento de muitas abelhas. Uma das causas desse fenômeno está relacionada com as más práticas no campo, quando as aplicações de agroquímicos e inseticidas não seguem as normas técnicas e recomendações agronômicas. A devastação do meio ambiente também tem grande influência sobre esse processo, pois as abelhas necessitam das plantas para a polinização e, com a falta de vegetação, a vida das abelhas é comprometida.
Em dezembro de 2018, mais de 500 milhões de abelhas foram encontradas mortas por apicultores em apenas quatro estados brasileiros, segundo o levantamento da Agência pública e repórter Brasil. No estado de São Paulo, as perdas de abelhas giram em torno de 10 milhões. No Mato Grosso do Sul, 45 milhões. Em Santa Catarina, 50 milhões e no Rio Grande do Sul, 400 milhões. A causa da morte de cerca de 85% dessas abelhas foi o contato ou a ingestão de produtos químicos, agroquímicos e, principalmente, inseticidas.
“Espero que o homem ainda esteja em sã consciência e não deixe esse processo do desaparecimento das abelhas acelerar. Albert Einstein já dizia que, se as abelhas desaparecessem, o ser humano teria um tempo de sobrevida de 4 anos, porque haveria fome no mundo e não teria mais a produção de diversos alimentos essenciais. O que seria produzido por outros polinizadores, que representam uma quantidade muito pequena, não seria suficiente para alimentar a população. Nós não podemos deixar que isso se torne uma realidade, está nas nossas mãos a reversão desse processo”, alerta o professor.
Para preservar a vida desses insetos, deve haver boas práticas no campo e um planejamento de quando ocorrerá a pulverização por parte do agricultor, para que o apicultor tenha tempo de prender suas abelhas durante esse período e depois as solte. A preservação ambiental também é essencial para combater esse processo.
A UNITAU oferece diversas disciplinas, cursos e ações que estudam e que cuidam da sobrevivência das abelhas. Dentre eles, estão os cursos de Agronomia, Tecnologia em Apicultura e Meliponicultura, Tecnologia em Agroecologiae o curso de pós-graduação em Apicultura e Meliponicultura. Além dos cursos oferecidos, a Universidade abriga um centro de estudos apícola e um projeto de extensão chamado “Desenvolvimento sustentável da apicultura no vale do Paraíba e arranjo produtivo local”, que já conquistou um prêmio em primeiro lugar de sustentabilidade pelo Congresso de extensão do estado de São Paulo.
As atividades desenvolvidas na UNITAU se destacaram pelo processo e pela qualidade. A Secretaria de desenvolvimento econômico do estado de São Paulo ofereceu recursos ao projeto de extensão para a criação de um entreposto de mel na Universidade. “O objetivo é recolher todo o mel e pólen da região para processá-los e fazer com que os apicultores saiam da clandestinidade e comercializem os seus produtos”, pontua o professor.
O docente também conta que esse projeto irá oferecer bolsas de estudos para os alunos do curso de Agronomia, para trabalhar dentro do entreposto. “Ficamos muito felizes com todo o apoio e a parceria da Universidade e da reitoria”, conclui.