Egressas da unitau defendem produção científica brasileira em artigo na science
As pesquisadoras Flávia de Souza Mendes e Yhasmin Mendes de Moura, egressas da Universidade de Taubaté (UNITAU), participaram da elaboração de uma carta publicada na edição de 18 de novembro da revista Science, alertando para os riscos à produção científica no Brasil por conta dos recorrentes cortes orçamentários. A carta “Surviving as a young scientist in Brazil” (Sobrevivendo como um jovem pesquisador no Brasil) foi assinada por 15 profissionais com atuação no Brasil e exterior. A Science é uma revista científica publicada pela American association for the advancement of science – AAAS (Associação americana para o avanço da ciência) e é considerada uma das revistas acadêmicas mais prestigiadas do mundo e em circulação desde 1880. Formada em Geografia pela UNITAU em 2010, Flávia está na Alemanha desde 2015, onde fez o seu doutorado (Universidade de Göttingen). Ela desenvolve atualmente pesquisas em sensoriamento remoto na empresa Remote Sensing Solutions. “A ideia do artigo surgiu do doutorando do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Celso Henrique Leite Silva Junior, e contou com o suporte dos co-autores. Os recentes cortes nos orçamentos ligados à ciência no Brasil agravaram ainda mais a situação de pesquisadores e estudantes no país. A carta surgiu dessa indignação e desespero de ver o desmonte da ciência no Brasil”, afirma Flávia. A pesquisadora ainda relata a falta de reajuste no valor das bolsas e o êxodo, cada vez maior, de profissionais qualificados. “As bolsas de mestrado e doutorado não têm reajuste há 8 anos e todos nós sabemos que grande parte da produção científica direta e indiretamente vem dos estudantes e bolsistas. Adicionalmente, o valor das bolsas não está competitivo com o mercado, por isso nós perdemos muitos excelentes cientistas para o mercado privado ou para instituições no exterior”. Yhasmin Mendes de Moura foi veterana de Flávia e se formou em Geografia pela UNITAU em 2009. Concluiu seu doutorado no Inpe em 2015 e desenvolve atualmente pesquisas de seu pós-doutorado na área de sensoriamento remoto no Instituto de Tecnologia de Kalsruhe, também na Alemanha. Yhasmin teve passagens como pesquisadora visitante na Universidade de Helsinki (Finlândia), além de na Universidade de Leicester (Reino Unido). “Não existe ciência sem investimento, como não existe desenvolvimento de um país sem ciência. Isso é um fato. O que a gente está tentando pontuar é que, se o Brasil realmente almeja um nível de desenvolvimento comparado a outros países, o foco de investimento em ciência (assim como em educação) deve ser prioridade”, destaca Yhasmin. Mesmo morando fora do país e considerando-se em uma situação privilegiada, a pesquisadora diz que se sente no dever de tentar fazer tudo o que estiver ao seu alcance para mudar este cenário. “Eu não estaria aqui sem o investimento que me foi proporcionado pela Capes, CNPq, Fapesp, durante minha trajetória acadêmica, como também a ajuda de professores, profissionais e cientistas ao longo do meu caminho”. O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) publicou uma nota de esclarecimento para detalhar a execução orçamentária da pasta. De acordo com um trecho do documento, o Plano Anual de Investimentos de 2021, aprovado pelo Conselho Diretor do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), contém mais de 110 projetos prontos para execução assim que os recursos do FNDCT destinados a operações não reembolsáveis forem liberados para empenho. “Tão logo ocorra essa liberação, o MCTI adotará imediatamente todas as providências administrativas para sua aplicação nos importantíssimos projetos de ciência, tecnologia e inovação, garantindo assim a plena execução orçamentária dos recursos destinados a esses setores”, informa a nota. Confira aqui a nota completa do MCTI.