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Alunos da UNITAU debatem a importância da língua portuguesa para uma formação humanística

Com o intuito de trazer a reflexão aos estudantes sobre a importância do professor da língua portuguesa na formação profissional, o Departamento de Ciências Sociais e Letras e o curso de Medicina da Universidade de Taubaté (UNITAU) promoveram uma integração online, durante a semana que marcou a volta às aulas O bate-papo virtual, mediado por dois professores, trouxe quatro alunas do curso de Medicina que relataram suas experiências e contaram em como as aulas de português contribuíram para o desenvolvimento de sua formação humanística. Docentes, alunos, familiares e toda a comunidade puderam prestigiar o evento e interagir pela plataforma zoom. De acordo com a Profa. Dra. Adriana Cintra de Carvalho Pinto, coordenadora do curso de Letras, as futuras médicas reconheceram o prejulgamento que tinham em relação à disciplina, pois a viam como um conhecimento relacionado à gramática e à produção de textos. A docente menciona com orgulho que “ver como meu trabalho afetou a relação das alunas de Medicina com o objeto e os instrumentos de aprendizagem de língua e linguagem em apenas um semestre me trouxe muita satisfação”, conta. A futura médica, Ingrid Guedes de Oliveira, expôs que a língua portuguesa contribuiu muito na sua formação literária e ampliou seu conhecimento sobre o próprio idioma e seu processo de construção. Além disso, ela ainda diz que a disciplina trouxe segurança para que ela pudesse escrever artigos científicos com menos dúvidas para discursar em diversos eventos. “O estudo do idioma vai além da gramática e da semântica, é sobre conhecer o dinâmico processo de construção e desconstrução da linguagem para se comunicar de forma efetiva”, reflete. “É preciso conhecer quem é seu paciente e como ele se comunica, pois podemos nos utilizar de termos médicos e provar nosso vasto conhecimento, porém se o nosso paciente não nos compreender, por melhores médicos que formos, não conseguiremos nos comunicar de forma a estabelecer um bom relacionamento médico-paciente, o que irá interferir diretamente na adesão ao tratamento”, continua. Para a aluna do 2° semestre do curso de Letras, Júlia Vargas Mafuz, o encontro serviu como combustível para a continuidade nos estudos. “Ver o papel que a nossa língua cumpre na vida formativa dessas alunas foi realmente impactante. Eu sempre digo que professores e médicos vão mudar o mundo juntos. Meus olhos brilharam de ver isso acontecendo na prática”, comenta. “Como mulher, universitária e futura professora digo que podemos transformar realidades por meio da Língua Portuguesa. Não é apenas sobre decorar regras, mas aprender a unir pessoas por meio das palavras e ações. A língua se transforma, assim como nós devemos nos reconstruir todos os dias”, finaliza. O Prof. Dr. André Luis Ferreira Santos, coordenador do curso de Medicina, relata que o encontro foi de extrema relevância, pois, além de destacar a importância da língua portuguesa, ainda foi um momento de muito aprendizado e integração entre os cursos. Ele também menciona que as aulas promoveram a melhoria nos estudos dos futuros médicos, trouxeram dicas de como selecionar as fontes de estudo, ajudaram na capacidade de síntese para a iniciação científica e, principalmente, sensibilizaram o aluno para uma visão mais humanística. “Fiquei muito feliz pela oportunidade de constatar o aprendizado, a maturidade e as metas alcançadas pelas alunas. Elas demonstraram a importância dessa integração, que vai além do ensino da língua portuguesa. Os resultados foram consistentes, permitindo que o aluno consiga construir uma visão mais ampla da vida, além de metodologicamente aprenderem a arte de estudar”, diz o coordenador do curso. Para Amanda Volpe Gomes, aluna do 6º semestre de Medicina, foi muito enriquecedor participar do momento de troca de experiências na vida acadêmica. “A comunicação dentro da profissão que eu escolhi é essencial. Conseguir olhar nos olhos do meu paciente, utilizando uma linguagem que seja acessível a ele, que eu consiga passar para ele o seu diagnóstico, o tratamento e fazendo isso de uma forma compreensível, com certeza torna o meu trabalho muito mais eficaz”, descreve. A estudante do 6º semestre do curso de Letras, Karina Bittencourt dos Santos, também concorda que a experiência garantiu novas perspectivas na vida acadêmica. “A fala e escrita nos influenciam como seres humanos e em nosso trabalho. Aprender como falar e com quem falar em determinados momentos e transmitir isso de forma humana e respeitosa com os outros indivíduos é muito importante”, expõe.

Oncologista e docente da UNITAU alerta sobre riscos do tabagismo durante a pandemia

O tabagismo tem papel de destaque no agravamento da crise do coronavírus, já que pode ser considerado um fator de risco para as formas mais graves, uma vez que fumantes são mais vulneráveis às infecções e às formas de contágio e de transmissão O tabagismo é reconhecido como uma doença crônica causada pela dependência à nicotina presente nos produtos à base de tabaco. No mercado nacional e internacional, há uma variedade de itens derivados do tabaco, que podem ser consumidos de várias formas. Todos à base de nicotina, que causa dependência e aumenta o risco de contrair doenças crônicas não transmissíveis (DNCT). O 31 de maio é reconhecido como o Dia mundial do combate ao fumo. Criado em 1987 pela Organização mundial da saúde (OMS), tem o intuito de alertar sobre as doenças e as mortes evitáveis relacionadas ao tabagismo. Segundo a Organização pan-americana da saúde (OPAS), o consumo de tabaco e seus derivados é o causador de cerca de 8 milhões de indivíduos por ano. “As preocupações com o tabagismo são contínuas. É uma situação que ocorre nos países em desenvolvimento e nos subdesenvolvidos. São problemas crônicos e, apesar da incidência do tabaco ter diminuído no Brasil consideravelmente nos últimos 20 anos, ainda é uma situação muito presente. Como é uma droga considerada lícita, o tabagismo passa despercebido, fazendo com que se tenha uma ‘vista grossa’ para o grande dano que pode causar para o fumante ou para os que vivem no entorno dele”, comenta o Prof. Dr. Flávio Luiz Lima Salgado, médico especialista em cirurgia oncológica e docente da disciplina de Oncologia da Universidade de Taubaté (UNITAU). O professor ainda esclarece que algumas doenças, além do câncer, podem ser derivadas dessa prática, como doenças vasculares, pulmonares obstrutivas crônicas (asma, bronquite, insuficiência respiratória etc.), que trazem consequências como AVC (acidente vascular cerebral), impotência sexual, aumento no risco de contrair hipertensão, entre outras. O tabagismo e a pandemia De acordo com a OMS, o tabaco mata mais de 7 milhões de fumantes regulares, enquanto cerca de 890 mil correspondem a fumantes passivos, que estiveram expostos à fumaça. Em média, no Brasil, morrem 428 pessoas por dia como consequência da dependência à nicotina, e mais de 156 mil mortes anuais poderiam ser evitadas. A luta contra esse vício se tornou ainda mais complexa quando, em março de 2020, a OMS declarou a pandemia do novo coronavírus, doença responsável por causar infecções respiratórias, que, em sua etapa mais crítica de complicação, há um grave comprometimento da função respiratória, que pode levar ao óbito. O tabagismo tem papel de destaque no agravamento da crise do coronavírus, já que pode ser considerado um fator de risco para as formas mais graves, uma vez que fumantes são mais vulneráveis às infecções e às formas de contágio e de transmissão. Além disso, o tabaco causa diferentes tipos de inflamação e prejudica os mecanismos de defesa do organismo. “As comorbidades têm no tabaco um grande contribuidor para as doenças pulmonares, para as doenças cardíacas e cardiocirculatórias. Todos nós estamos sujeitos a ter esse problema (Covid-19), mas os pacientes com comorbidades levam desvantagem com relação aos pacientes não fumantes”, ressalta o oncologista. Segundo pesquisa da Fiocruz, 34% dos fumantes brasileiros declararam ter aumentado o número de cigarros fumados durante a pandemia, uma associação da saúde mental dos tabagistas nessa nova realidade, com a piora de quadros de depressão, ansiedade e insônia. “Essa pandemia gerou muitas situações de estresse, então esses aspectos ligados à depressão e à ansiedade contribuem demais para o aumento do tabagismo. Essas pessoas precisam de ajuda profissional, com tratamento e apoio psicológico”, explica o professor. O tratamento No Brasil, O Instituto nacional de câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) é o órgão responsável pelo Programa nacional de controle do tabagismo (PNCT) e pela articulação do tratamento do tabagismo no SUS (Sistema único de saúde). O tratamento inclui avaliação clínica, abordagem mínima ou intensiva, individual ou em grupo e, se necessário, terapia medicamentosa. “O tratamento para parar de fumar leva tempo. Primeiramente, a família precisa colaborar e todos têm de parar juntos. A segunda coisa são os hábitos. Muitas vezes é necessário deixar a bebida alcoólica ou o excesso de café, que são atos que lembram o cigarro. Também é preciso buscar uma alimentação mais natural, comer bastante fruta, tomar bastante água. Atualmente, existem adesivos e outros remédios que procuram substituir essa dependência da nicotina. Inicialmente, eram muito caros, mas hoje esses tratamentos são gratuitos e são feitos pelo SUS”, pontua. O professor ainda menciona que o fumante deve ter um acompanhamento psicológico, se possível.  “Esse paciente acaba desenvolvendo problemas com ansiedade, que têm de ser combatidos. Então ele deve, além dos remédios para substituir a dependência da nicotina, fazer terapia e fazer o uso de medicações para reduzir a ansiedade, pelo menos até passar a fase aguda. O apoio emocional para uma recaída é muito importante, e as pessoas também precisam entender que a maioria dos pacientes passa por isso”. Confira o que acontece com o organismo de um fumante, que interrompe o uso do tabaco: Após 2 horas, não há mais nicotina circulando no sangue. Após 8 horas, o nível de oxigênio no sangue se normaliza. Após 12 a 24 horas, os pulmões já funcionam melhor. Após 2 dias, o olfato já tem os cheiros mais apurados e o paladar já degusta melhor a comida. Após 3 semanas, a respiração se torna mais fácil e a circulação melhora. Após 1 ano, o risco de morte por infarto do miocárdio é reduzido à metade. Após 10 anos, o risco de sofrer infarto será igual ao das pessoas que nunca fumaram. Busque ajuda! Melhore a sua qualidade de vida! Foto: Leonardo Oliveira

Médica especialista em Saúde Pública da UNITAU comenta sobre os desafios do ensino médico durante a pandemia

A pandemia não mudou somente a forma de aprender e ensinar, mas também impactou na atuação médica, o que exige que os futuros profissionais tenham um olhar ainda mais coletivo e empático A pandemia do novo coronavírus é considerada uma das questões mais impactantes em relação à saúde mundial. Vários desafios se configuraram por conta da Covid-19. Um deles, a formação médica, que exigiu uma rápida adaptação e uma remodelação na forma de ensinar e aprender. Garantir uma formação ética, profissional e, sobretudo, humana é um dos valores do curso de Medicina da Universidade de Taubaté (UNITAU) há quase 55 anos e, diante da nova realidade, professores e alunos precisaram se adaptar. “Nosso curso é muito tradicional e reconhecido por isso nacionalmente. Com a pandemia, tivemos de nos adaptar ao novo cenário e nossa maior preocupação e desafio foi manter o ritmo e qualidade das aulas. Fizemos isso muito rapidamente. As aulas ficaram suspensas por apenas uma semana no início de março de 2020”, explica a Profa. Dra. Maria Stella da Costa Zöllner, Diretora do Departamento. Isabela Caroline de Almeida, aluna do 8º semestre do curso, também sentiu o impacto da pandemia na rotina e nas tarefas do dia a dia e comenta que a agilidade da Instituição e o apoio dos professores foram fundamentais para a adaptação ao novo modelo de ensino e aprendizagem. “No início, foi um pouco difícil, principalmente em relação à minha rotina de estudos. Mas a Universidade se adaptou rapidamente e os professores foram muito compreensivos, nos tranquilizando sobre as aulas práticas, pois daria tempo de repor o que precisasse”, conta Isabela. Mas a pandemia não mudou somente a forma de aprender e ensinar. A maior crise da humanidade também impactou na atuação médica, o que exige que os futuros profissionais tenham um olhar ainda mais coletivo e empático. “Medicina vai além do diagnóstico, da ética na ciência e na prática. O que estamos vivenciando hoje vai mudar para sempre as relações humanas, entre médico e paciente”, destaca a Dra. Stella. A futura médica, Isabela Carolina, também compartilha o pensamento de sua professora e relata “Todos nós esperamos médicos preparados de forma técnica, mas que sejam empáticos, humanizados e que se preocupem em tratar pessoas, e não somente doenças. Eu gosto bastante da frase ‘conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas, ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana’, de Carl Jung. Acredito que esse deve ser nosso principal objetivo, sempre”, finaliza a estudante.